domingo, 6 de abril de 2008

A Visita da Tristeza

É engraçado como às vezes a tristeza toma conta da gente e não sabemos muito bem o que fazemos com ela, simplesmente pensamos que depois ela irá passar e a deixamos ali, apenas sentindo, outras vezes chorando, outras sofrendo. Tristeza é um sentimento traiçoeiro, chega sem avisar e aos poucos vai se instalando dentro de nós, e quando vemos já tomou conta do nosso coração e manda a alegria embora, sem ao menos despedir-se. E quando isso acontece, pensamos que já é tarde demais, e acomodados, a deixamos reger nossa vida. Apesar de tudo isso, e ao contrário do que muitos dizem ficar triste algumas vezes é bom, mas como sabemos, todos os malefícios estão nos excessos. A “tristeza benéfica” é aquele que vem, sentimos uma pontinha de decepção e/ou dor e não deixamos ela se instalar, mandamos rapidamente embora, porque a alegria é a principal moradora do nosso coração, a tristeza não passou de uma hóspede. Hóspede essa que também não podemos tratá-la como se não tivesse nos visitado, devemos prestar atenção sobre o que ela significa, porque veio e o que faremos com ela. Isso sim é importante, não descartar esse sentimento, mas saber o verdadeiro motivo para ela aparecer e resolver tudo para que ela possa ir embora sem esquecer nada para trás.
Tudo que existe tem seu oposto, e eles se completam. Existiria o dia se não existisse a noite? O quente sem o frio? O escuro e o claro? O doce e o salgado? O bem e o mal? A Tristeza e a Alegria? Tudo se completa, Deus foi muito sábio criando os opostos para que possamos ter também a inteligência e a capacidade de equilibrar essas forças dentro de nós. No que dependia dele, ele conseguiu, o dia e a noite tem a mesma duração, e um entra em contato com o outro harmoniosamente, o dia não se torna noite sem ter o pôr-do-sol, e é de uma beleza tão grande que ficamos boquiabertos diante dele. O que se passa dentro de nós também corresponde a isso, o equilíbrio. Por isso que conhecer seus sentimentos será de uma ajuda imprescindível para esse equilíbrio. O homem é fruto de sua própria existência, de sua própria sabedoria ou ignorância. Os sábios são aqueles que sabem quem são, de onde vêem e para onde vão, porque conhecem seus sonhos e desejos e tem inteligência suficiente para reger sua vida na busca da felicidade, do bem estar interno e do bem dos outros que compartilha a existência.
É muito poético e parece simples controlar esses sentimentos, mas não é, requer de muita força, fé, confiança e o maior sentimento capaz de vencer os pessimistas: o Amor. Se um dia a tristeza nos pega de surpresa como uma gripe e nos coloca na cama, sem conseguirmos levantar, sem vontade de comer, de receber visitas, só o Amor é capaz de expulsá-la e nos dar novamente a vitalidade e o prazer de viver. Por mais difícil que seja buscá-la, só ela pode nos tirar do fundo do poço, o amor à Vida, à própria vida. Se estivermos lá no fundo e queremos sair, a primeira atitude é parar de cavar o poço, porque assim estamos afundando cada vez mais. Olhar para cima e ver que existe uma luz, uma esperança e que lá fora há tantas coisas boas ainda a serem vistas, vividas e sentidas. Dificuldades sempre irão surgir, muitas vezes até. Enfrentá-las é o desafio que temos, a vida é um caminho repleto de obstáculos e ninguém disse que seria fácil percorrê-lo. Eventualmente podemos cair, não querendo dizer que isso seja um sinal de fraqueza, pedir ajuda para levantar também não. Fraco é aquele que não quer erguer-se da queda. E como já disse um sábio poeta: “Levanta, sacode a poeira e dê a volta por cima!”.
Deivid Sampaio - Psicólogo